O presidente Donald Trump anunciou, nesta quarta-feira (9), a imposição de uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras, em retaliação às acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e à “relação comercial injusta” com o Brasil. A medida, que eleva a alíquota de 10% aplicada em abril, foi detalhada em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicada no Truth Social (rede social de Donald Trump).
Trump criticou o Brasil por “déficits comerciais insustentáveis” que ameaçariam a economia e a segurança dos EUA, apesar de dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA indicarem um superávit de US$ 7,4 bilhões em 2024 a favor dos americanos.
A carta também vincula a tarifa às investigações contra Bolsonaro, aliado de Trump, acusado de tentativa de golpe após a derrota eleitoral em 2022, classificada por Trump como “vergonha internacional”.
Além disso, os EUA iniciaram uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais do Brasil, especialmente no comércio digital, e emitiram um alerta ao grupo BRICS, visto como ameaça ao dólar.O anúncio impactou os mercados brasileiros: o Ibovespa futuro caiu 2,23%, a 138.085 pontos, e o dólar futuro subiu 1,76%, a R$ 5,58, às 17h40.
Leia a carta na íntegra:
Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro — um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos — é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como foi ilustrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que emitiu centenas de ordens secretas e ilegais de censura às plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e expulsão do mercado brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos uma tarifa de 50% sobre qualquer produto brasileiro enviado aos Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas à tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nossa relação comercial com o Brasil, e concluímos que precisamos nos afastar dessa relação antiga e muito injusta, marcada por políticas e barreiras tarifárias e não-tarifárias do Brasil. Nossa relação tem sido, infelizmente, muito pouco recíproca.
Peço que compreenda que a tarifa de 50% é muito menor do que o necessário para equilibrar o campo de jogo com o seu país. E é necessário adotar essa medida para corrigir as graves injustiças do regime atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se empresas brasileiras, ou que operem no Brasil, decidirem construir ou fabricar seus produtos dentro dos Estados Unidos. E, de fato, faremos tudo o possível para aprovar isso de forma rápida, profissional e rotineira — ou seja, em questão de semanas.
Se por algum motivo o senhor decidir aumentar suas tarifas, então qualquer que seja o número que escolher aumentá-las, será acrescentado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não-tarifárias do Brasil, causando déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, por causa dos contínuos ataques do Brasil às atividades comerciais digitais das empresas americanas, bem como de outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação de Seção 301 contra o Brasil.
Se o senhor quiser abrir seus mercados comerciais, até então fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas políticas tarifárias e não-tarifárias e barreiras comerciais, nós talvez consideremos um ajuste desta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com seu país. O senhor nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América.
Obrigado por sua atenção a este assunto!”.
Veja o documento do tarifaço






